Carla Soares Martin e Sérgio Matsuura
Do portal comunique-se
Mesmo antes do fim da investigação da polícia suíça sobre o caso Paula Oliveira, jornais do Brasil admitem ter cometido falhas na cobertura. O suposto ataque de neonazistas contra a brasileira foi primeiramente noticiado pelo Blog do Noblat, e repercutido por praticamente toda a imprensa do País.
“Eu acho que a Folha foi mal como todos os outros jornais e veículos de comunicação. Foi precipitada. Compramos a notícia sem confirmação própria”, avalia o ombudsman da Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva.
O diretor de conteúdo do Estadão, Ricardo Gandour, afirma que o jornal registrou a informação divulgada pelo Blog do Noblat e foi a campo, com uma entrevista com o pai de Paula Oliveira e informações do Itamaraty. Porém, admite a falta do outro lado da história. “Ficou 24 horas num pé só. Serviu como um aprendizado para o futuro”, diz Gandour.
Essa é a mesma opinião do professor e ouvidor-geral da Empresa Brasil de Comunicação, Laurindo Leal Filho: “Os fatos eram graves demais para ficar em uma só versão”. Ele também ressalta a diferença da apuração realizada por blogs e por veículos de comunicação.
“Os blogs não substituem a cobertura jornalística. Os blogueiros não têm estrutura para planejar e executar uma cobertura. Para este caso, fazia-se necessária uma equipe de reportagem", afirma Leal Filho.
Apesar das avaliações negativas sobre a forma como a cobertura foi encaminhada, o ombudsman da Folha afirma que, se tivesse que decidir se daria ou não a notícia, também cometeria o erro.
“Se eu estivesse no lugar dos editores, iria cometer o mesmo erro. Existe uma cultura no jornalismo que tem que se dar a notícia o mais rapidamente possível”, admite Lins da Silva.
Jornais suíços criticam mídia brasileira no caso Paula Oliveira
Da Redação
Jornais da Suíça criticaram, neste sábado, a imprensa e o governo brasileiros no caso Paula Oliveira. O Neue Zürcher Zeitung disse que a mídia brasileira “passou dos limites”. Afirma que a imprensa brasileira traz frequentemente “notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas”. O jornal suíço apresenta-se ainda contra o presidente Lula, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, por terem visto como fato as declarações da brasileira.
O 20 Minuten deu a seguinte manchete: “Lula da Silva ‘caranguejeia’ para trás”.
O Tages-Anzeiger: “Eles expuseram o Brasil ao ridículo”, falando das reações do governo brasileiro com a notícia dada pela mídia nacional. Em outra matéria, cujo título é “A tragédia de O.: lenha para a sociedade borderline”, o jornal afirma que a história é uma “lição de manipulação da mídia” e o interesse da sociedade por “personalidades portadoras de borderline”. O nome O. tem dupla referência: Oliveira, sobrenome de Paula, e uma alusão ao romance francês A História de O., que conta a história de uma mulher que se submete ao sadomasoquismo.
(*) Com informações da BBC Brasil.
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