segunda-feira, 2 de março de 2009

Fóssil mostra que peixe pré-histórico fazia sexo


RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

A princípio se achava que era um caso de canibalismo flagrado em fósseis de 380 milhões de anos atrás. Mas novas evidências indicaram que o flagrante era outro: tratava-se de sexo e já feito do jeito como fazem os seres humanos e os tubarões --com a penetração da fêmea pelo órgão do macho.

Estes fósseis de peixes extintos achados na Austrália são a mais antiga prova de reprodução por fecundação interna.

Achar fósseis com detalhes da anatomia interna é algo raro. E foi uma surpresa achar dentro do corpo de antigos peixes placodermos outros menores da mesma espécie.

A primeira interpretação era que os peixes pequenos tinham sido comidos pelo maior. Mas nova análise mostrou que de fato se tratava de embriões, apontando que o modo de reprodução vivíparo (com os filhotes formados dentro do corpo da mãe) era bem mais disseminado do que se pensava.

Os placodermos são peixes com mandíbula que viveram entre 430 milhões a 360 milhões de anos atrás. Os fósseis, achados na Austrália, pertencem à espécie Incisoscutum ritchiei. A descrição está na edição de hoje da revista "Nature".

A análise revelou que o Incisoscutum ritchiei tinha estruturas semelhantes ao órgão reprodutivo dos tubarões machos, o clásper, uma modificação da nadadeira pélvica que funciona como uma espécie de pênis. A maioria dos peixes atuais é óssea e faz parte da classe Osteichthyes. Os vertebrados terrestres evoluíram de espécies primitivas da classe. Na maioria das espécies a fecundação é externa.

A outra grande classe é a Chondrichthyes, de peixes de esqueleto feito de cartilagem, como tubarões e raias. Todos têm fecundação interna.

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